Thursday, November 30, 2006

Sopiiiiiiinha... de tomate!

Essa sopinha de tomate é muito fácil de fazer e das favoritas. Alguns vão dizer que está mais para molho do que para sopa.

Concordo.

Mas gosto assim.

Vamos lá: lave bem lavados seis ou sete tomates. Tire as pontas e as sementes com cuidado, mas deixe a pele. Pique os tomates e cozinhe-os na água com um pouco de sal até ficarem bem macios. Passe no liqüidificador e, depois, pela peneira. Volte com esa polpa para a panela, acrescentando uma colher de sobremesa de açúcar para quebrar a acidez dos tomates e outra de farinha de trigo ou maizena para dar um certa ligua. Quando ferver, está pronto.

Normalmente, na hora de servir, salpico com queijo parmesão, mas desta vez usei uns pedacinhos de quejo Minas. Com a sopa quente, o queijo derrete e fica ótimo.

Tuesday, November 28, 2006

Nem o salmão selvagem do Alasca se salva...

Sei não, mas acho que a febre de orgânico isso e orgânico aquilo está passando dos limites. A edição de hoje do New York Times tem uma matéria cuja título na verdade é uma pergunta, quando que um peixe pode ser considerado orgânico.

Explica-se: lá como cá poder estampar bem grande na embalagem de um produto que ele é orgânico é lucro na certa. Só que apenas o Departamento de Agricultura americano pode dar o aval para o rótulo de orgânico por lá.

É aí que a porca (que não deve ser orgânica) torce o rabo, porque tudo depende do que o peixe come. Os peixes vegetarianos (bagre, tilápia) criados em cativeiros e alimentados com ração orgânica seriam orgânicos. Mesmo esses estão na mira dos ambientalistas, que dizem que muitos dos peixes das fazendas vivem em tanques apertadíssimos, em condições horríveis, e que não têm nada de natural no processo.

Já os peixes carnívoros comem outros peixes e não podem ser rotulados de orgânicos. Ou seja, o salmão selvagem do Alasca, caríssimo, símbolo da vida selvagem e natural, não seria orgânico. Só os salmões criados em cativeiro, com ração controlada, etc.

E nem as fazendas marinhas produtoras de peixes vegetarianos escapam. Ficam sem o rótulo de orgânico porque ninguém pode garantir que o molusco que o peixe comeu no mar é orgânico.

O Uol tem uma versão resumida e traduzida.

Adoraria copiar e colar, mas com certeza vão me processar. Então deixo os links; no Uol é necessário ser assinante, mas para ler o New York Times online basta fazer um cadastro rapidinho.

Monday, November 27, 2006

São Lourenço é o homem, ops, o santo

Bastou uma rápida consulta ao Google para descobrir que São Lourenço é o santo padroeiro dos cozinheiros - ainda falta descobrir o protetor dos cozinheiros de meia tigela. :)

Agora vamos aos fatos sobre o santinho.

São Lourenço de Huesca foi um mártir católico, diácono de Roma e viveu no século III d.C. No ano de 259 d.C, os cristãos estvam sendo perseguidos, mortos e jogados aos leões pelo imperador romano da época, um pagão de primeira linha. Não satisfeito, resolveu mandar matar o papa, e, como não era bobo nem nada, deu um prazo de três dias para a Igreja entregar suas riquezas (faz-me rir, tolinho!).

Findo o prazo, São Lourenço levou diante do imperador alguns fiéis cristãos, dizendo que eles eram o tesouro da Igreja. A frase, que depois foi usada e reusada ao longo dos séculos, obviamente não agradou e o romano furioso mandou prender e queimar São Lourenço - notem como a Igreja aprenderá a lição do foguinho.

O detalhe é que o imperador era muito, muito cruel e mandou amarrar São Lourenço sobre um braseiro ardente, por cima de uma grelha, onde ele foi, literalmente e lentamente, assado vivo. No meio do tormento o santinho ainda teve bom humor de virar para o carrasco e dizer: "Vira-me, que deste lado já está bem assado... Agora está bom, está bem assado... Podes comer!".

Bom, São Lourenço é festejado dia 10 de agosto, há várias igrejas dedicadas a ele e suas estátuas têm uma grelha e uma Bíblia nas mãos. Outro santo, de nome muito apropriado para o caso, Santo Ambrósio, fez o Hino a São Lourenço, contando todos os passos dessa história:

Lourenço, o arcediago
quase um apóstolo,
imortalizado pela fé romana
com a coroa própria dos mártires.

Enquanto seguia o mártir Sisto,
um responso profético dele obteve:
"Cessa, filho, de afligir-te:
me seguirás daqui a três dias".

Não sentiu o temor do suplício
o designado herdeiro daquele sangue
que com o olhar piedoso contempla
o destino que logo será seu.

Já naquele mártir
o sucessor legítimo celebra
o triunfo de mártir, na posse como está
de um empenho marcado pela voz e pelo sangue.

Impõem-lhe de entregar em três dias
os tesouros eclesiais;
docilmente promete, não recusa,
acrescentando uma zombaria à vitória.

Que esplêndido espetáculo!
Reúne filas de pobres e exclama,
indicando aqueles míseros:
"Eis as riquezas da Igreja!".

Verdadeiras e perenes riquezas
são dos fiéis os pobres;
zombado o avaro se impacienta:
a vingança e as chamas apresta.

Queima-se por si o carnífice
e foge de suas próprias chamas:
"Virem-me", pede o mártir,
e ordena: "se está cozido, comam".


Reaparem, na imagem abaixo, a grelha na frente de São Lourenço.

Ah, sim. Achei o pen drive. São Longuinho finalmente ajudou. :)

Saturday, November 25, 2006

Santo dos cozinheiros de meia tigela?

Algum dos meus cinco leitores conhece o santo ou santa protetor das cozinheiras de meia tigela?

Marie Amélie perdeu seu pen drive, recheado de fotos de coisas fofas para colocar nesse bloguinho, inclusive pratos e receitinhas (sim, incrédulos, eu cozinho!), mais um monte de fotos pessoais e arquivos de trabalho e estudo.

E como São Longuinho não está ajudando, preciso de uma outra santinha ou santinho para me ajudar!

Acreditem, até a fome foi embora por causa desse sumiço.

Ai, ai, ai.

Thursday, November 23, 2006

Thanksgiving Day

Que receita que nada.

Vamos de musiquinha, cortesia de Pugsley Addams e outras crinças do acampamento de verão da Família Addams 2, durante uma peça sobre o Dia de Ação de Graças.

Nunca viu o filme? Pecado! Alugue, é hilário. Ou veja no You Tube e cante junto. :)

Camp Children: [at Thanksgiving play, singing, dressed as Thanksgiving food]

Eat us! Hey, its Thanksgiving Day! Eat us, we make a nice buffet! We lost the race with Farmer Ed, so eat us 'cause we're good and dead. White man or red man from east, north or south, chop off our legs, and put 'em in your mouth! Eat me! Sautéed or barbecued! Eat me! We once were pets but now we're food! We won't stay fresh for very long! So eat us before we finish this song! Eat us before we finish this song!

Orgânicos x "não-orgânicos"

O Paladar, o caderno de gastronomia do Estado de S. Paulo que eu adoro, veio hoje com uma matéria de capa sobre os orgânicos.

Basicamente é uma comparação entre os orgânicos e os "não-organânicos", o que não deixa de ser uma denominação bizarra. Eu sei, eu sei, os alimentos orgânicos não têm adubos químicos, toxinas, etc e tal. E o sabor é bem melhor, mais isso, mais aquilo.

Mas pôxa, só uma mençãozinha de como eles são *caros* por aqui??

Em compensação, duas receitinhas bem legais, totalmente adaptáveis para os "não-orgânicos. ;)

Tuesday, November 21, 2006

Festival Internacional do Acarajé

O Festival Internacional do Acarajé começou assim: uma amiga da mamã de Marie Amélie ia fazer uma cirurgia delicada e conversando com Monsieur Gorducho ficou sabendo que ele era especialista em acarajé.

Mesmo.

Monsieur Gorducho é capaz de comer acarajé todo dia. E comer, aqui, não significa apenas degustar, mas fazer a massa ele mesmo e fritar os bolinhos.

Então ficou acertado que Monsieur Gorducho faria um Festival Internacional do Acarajé para a amiga amada de Marie Amélie e da mamã de Marie Amélie tão logo ela estivesse bem da operação e apta a enfrentar tamanha maratona.

Pois o dia chegou e foi no sábado passado.

Ficou assim:

Acarajé:

Quem já tentou fazer acarajé sabe que não tem desespero maior que tentar obter uma massa branquinha, sem os olhinhos do feijão fradinho. Monsieur Gorducho também passou por esse drama e até quebrar o feijão dentro de um saco de pano ele quebrou.

Até que em uma bela manhã fez-se a luz.

E a luz se fez na forma de uma convidada do programa da Ana Maria Braga, que não só deu sua receita do acarajé, como ensinou o caminho das pedras. A receita original (com vídeo explicativo), está lá no site do Mais Você.

Mas a versão de Monsieur Gorducho é essa aqui.

Ingredientes:

- 1,5 kg de feijão fradinho
- uma pitada de sal
- uma pitada de pimenta
- 3 ou 4 cebolas grandes

Modo de preparo:

Passe o feijão fradinho ainda seco no processador, pulsando umas três ou quatro vezes, e lave debaixo de uma torneira. Esse, caros leitores, é o pulo do gato. Como o feijão já sai do processador quebrado, 90% dos olhinhos vão embora nessa primeira água. Não é uma beleza?

Tem mais.

Com o feijão já depedaçado, deixe de molho por umas duas horas ou até inchar bem e vá trocando a água umas três vezes. Não só a casca vai embora como praticamente todos os olhinhos que sobraram. Fica um ou outro só para atrapalhar, mas é a vida culinária.

Escorra bem o feijão fradinho, de preferência deixe em uma peneira para sair toda a água. Quando estiver bem seco e o menos úmido possível, volte com o feijão fradinho para o processador e bata bem com as cebolas (e um dente de alho, se quiser), até formar uma pasta branca, homogênea. Só uma pitadinha de sal e pimenta.

Fritar os bolinhos não tem mitério, basta usar uma panela ou frigideira funda e quantidade suficiente de dendê que cubra os acarajés até a metade. O tamanho do bolinho depende do gosto de cada um, como ele é recheado, não pode ser muito pequeno. Mas sou contra os acarajés do tamanho de disco voadores, quem consegue repetir aquilo? E o bom da refeição, a gente sabe, é poder repetir.

Ah, sim, antes de fritar o primeiro bolinho, dê mais uma mexida na massa, com a colher mesmo. Faça um primeiro acarajé pequininho e teste o sal e a pimenta (que é dispensável). Só aí acerte o sal para valer e mande ver na preparação dos acarajés.











Caruru:

Detesto caruru, quiabo é trauma de infância muito sério. Mas o povo gosta e a querida amiga de mamã de Marie Amélie fez com carinho. Cada um tem sua receita, a dela foi 1 quilo de quiabo cortado em rodelas finíssimas e cozinhado na água e sal. O quiabo nem ficou com aquela baba horrível e isso, meus amigos, é que é saber fazer quiabo. No liqüidificador, ela colocou uma xícara de amendoim com um punhado de castanhas do Pará, mais duas cebolas grandes, salsa e coentro. Depois de tudo batido, acrescentou a mistura ao quiabo, levou ao fogo com um pouco de dendê... e acho que foi isso.





Vatapá:

O Festival Internacional do Acarajé chez Marie Amélie não teve vatapá. Ninguém queria fazer e, no fim das contas, a função é mais dar liga que outra coisa. Mas quem estiver interessado, há dezenas de receitas na web.

Camarão:

O certo, certíssimo para alguns é usar camarão defumado ou seco. Nós, ou seja, o trio Marie Amélie, mamã de Marie Amélie e Monsieur Gorducho, acreditamos em usar o que se tem a mão. No caso, camarão comum, descascado e bem frito no azeite.



Salada:

Tomate, pimentão vermelho, pimentão verde, cebola, quase um molho à campanha. E um pouquinho de cheiro verde, mas só um pouquinho.



Bebida:

Foram várias garrafinhas de Sol (cerveja mexicana). Eu fiquei na água.

Sobremesa:


A bateria da máquina acabou, mas foi cuscus doce e sorvete de creme com passas ao rum.

Nada a ver.

Ou tudo a ver.

E já sei pergunta dos meus cinco leitores estão se perguntando, Marie Amélie o que você fez dessa vez?

A mentora intelectual, sempre a mentora intelectual. :D

E a assistente também. :)

Tuesday, November 14, 2006

O poder do croc-croc

Ando comprando direto estas maçãs desidratadas da Jasmine.

É o poder do croc-croc.

Se faz croc-croc não consigo parar de comer: nozes, granola, castanhas, musli, amêndoas, pão torradinho, crocante puro, chocolate congelado, pedra de gelo e, perdoem a heresia, até algumas barrinhas de cereais.

Oi, meu nome é Marie Amélie e eu sou viciada em coisas que fazem croc-croc.

Monday, November 13, 2006

Domingo chez Marie Amélie

E foi um domingo muito bom, como há muito tempo não acontecia, na companhia da mamã de Marie Amélie e de Monsieur Gorducho.

Querem saber o menu?

Pão: um pão francês cortado em fatias, afinal toda mesa tem que ter pão.



Brócolis com ovos: mais simples impossível. Ovos e brócolis cozidos no sal, com um pouquinho de azeite.



Salada de rúcula com manga: sem mistérios. Um punhado de folhas de rúcula bem lavadas e uma manga cortada em fatias.



Grão-de-bico com bacalhau: ao grão-de-bico cozido foi adicionado bacalhau desfiado em lascas grandes, azeitonas pretas e verdes, um pouco de sal, salsinha e muita cebola cortada bem fininha.



Arroz:
o arroz de cada dia, que cada um prepara a sua maneira e chez Marie Amélie ganha sempre um raminho de salsa ou hortelã em cima para decorar.



Camarão: fritos no azeite até ficarem bem dourados. Por cima, alho bem picadinho e frito, também no azeite.



Salmão: as postas foram apenas salgadas, regadas com azeite e colocadas em um tabuleiro para assar. Mas, como ainda estavam um pouco congeladas por dentro, ocorreu uma mudança de planos e no meio do caminho elas foram para a frigideira com azeite. Ficou ótimo, mas não é meu peixe preferido.



Bebida: íamos tomar o tinto Terra de Xisto, um alentejano safra 2003, mas ficamos mesmo no espumante, que no caso foi o argentino Toso Brut (Bodegas y Viñedos Pascual Toso).



Sobremesa: doce de marmelo com queijo Minas. P-e-r-f-e-i-t-o!




Mesa:
bonitinha, né? :)







Agora eu sei que meus cinco leitores estão se perguntando, ué, mas foi Marie Amélie que fez tudo isso?

Não.

Eu fui a mentora intelectual! :D

Friday, November 10, 2006

Pão preto com pastrami e geléia de blackberries

Foi assim: Marie Amélie descobriu no armário um pote de uma geléia de blackberries alemã deliciosa e decidiu passar no pão preto sensacional de marca "ih, esqueci".

Só que aí seria só pão com geléia, certo?

Mas bastou um pastrami espetacular da Hans para mudar tudo.

Bom demais.

De repetir.

E olha que a fatia de pão era enorme, tomava quase todo o prato.

Gulosa, Marie Amélie, gulosa! :)


Thursday, November 09, 2006

Pão é bão

Os Cinco Princípios Básicos para Fazer um Pão Gostoso segundo matéria na Folha de S. Paulo de hoje:

1- O tempo de fermentação é um dos responsáveis pelo sabor. Respeite-o.

2- Nada de deixar a massa descansar em local quente. A temperatura ideal é entre 18ºC e 20ºC.

3- Para baguete e outros pães de casca crocante, o vapor é importante no começo do processo. Com o forno quente, coloque uma forma vazia na última prateleira até esquentar. Então, forre-a com um pouco de água e deixe por mais um minuto. Em seguida, coloque o pão e retire a bandeja.

4- O tempo de sovar pode ser dividido em duas etapas. Nos primeiros três minutos, deixe a batedeira na velocidade mais baixa. Depois, aumente a batedeira e por amis oito ou nove minutos, para dar tempo de o glúten se desenvolver e deixar o pão leve.

5- Nunca coloque toda a quantidade de líquido (água, ovo, leite) indicada na receita de uma só vez. Sempre reserve um pouco. Como cada farinha absorve água de uma maneira, é melhor acrescentar mais líquido depois, se for necessário.

Sei não, mas acho muito melhor sovar a massa a mão. Um pouco de farinha jogada na mesa ou na pia para não grudar e amassa daqui, bate dali, sova de lá. Brigou com o namorado? O chefe está mais chato que nunca? O governo não colabora para um país melhor? As notícias do jornal são péssimas? Nada que uns bons minutos sovando massa de pão com resolução férrea e mão firme não resolva.

E muito mais barato que terapia.


Tuesday, November 07, 2006

Aos peixes, enquanto há tempo

Longe de mim assustar um dos meus cinco leitores, mas segundo a BBC agora é oficial: em 50 anos não haverá mais peixes no mar.

Notícias como essa não deveriam ser dadas assim de pronto, sem um café fresquinho, um brioche de queijo, uma fatia de bolo de laranja para preparar o estômago incauto de quem imaginava que o futuro da manjubinha, da sardinha, do amado bacalhau e de tantos outros estaria assegurado para sempre - em nossa panelas.

Mas é dever gastronômico de Marie Amélie alertar a todos para que se engajem na luta pela preservação dos biomas aquáticos, essenciais para a sobrevivência desses amados seres, e dos biomas terrestres, sem os quais o delicado equilíbrio da biosfera está ameaçado.

Ou pelos menos avisar aos amigos para que corramos juntos aos mercados.

Então aos peixes, enquanto é tempo.